Nos últimos anos, assistimos à ascensão de uma nova geração de influenciadores digitais: os finfluencers. Misturando lifestyle com jargão financeiro, estes criadores de conteúdo ocupam um espaço crescente nas redes sociais, prometendo ajudar os seus seguidores a poupar mais, investir melhor ou até alcançar a independência financeira. Mas até que ponto estes conselhos são seguros? E que riscos correm os consumidores que seguem à risca as suas recomendações?
Parte do apelo dos finfluencers reside na forma como traduzem conceitos financeiros complexos para uma linguagem acessível e visualmente apelativa. Em poucos segundos, um vídeo no Instagram ou TikTok pode parecer oferecer a fórmula mágica para enriquecer rapidamente ou viver de rendimentos passivos. Essa simplicidade, contudo, pode ser ilusória — ou até perigosa.
Muitos destes influenciadores não têm formação académica ou certificação profissional na área financeira. Ainda assim, falam com autoridade sobre temas como investimentos em criptomoedas, ações de empresas, imobiliário ou produtos de crédito. Pior: alguns promovem produtos ou plataformas em troca de comissões, sem declarar claramente esse conflito de interesses. A linha entre informação e publicidade torna-se ténue — e os seguidores raramente estão preparados para a distinguir.
A desinformação financeira pode ter consequências graves. Um finfluencer que incentive os seus seguidores a contrair um crédito para investir em ativos voláteis, como criptomoedas, pode levar muitos a perdas avultadas. A ausência de supervisão, ao contrário do que acontece com os consultores financeiros certificados, deixa os consumidores desprotegidos. E nas redes sociais, a responsabilização é difícil: quando o conselho corre mal, é frequente ouvir “investes por tua conta e risco”.
Algumas autoridades de supervisão europeias e internacionais já alertaram para os perigos associados aos finfluencers, e começam a ser tomadas medidas para regular este fenómeno. Em Portugal, tanto o Banco de Portugal como a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) tem reforçado os alertas sobre os riscos dos investimentos promovidos online, sobretudo junto dos mais jovens. Mas a velocidade com que o conteúdo se propaga nas redes torna difícil acompanhar e conter os danos.
A melhor forma de combater os riscos dos finfluencers é através da literacia financeira. Quanto mais informados estiverem os cidadãos sobre o funcionamento dos produtos financeiros, maior será a sua capacidade de distinguir conselhos responsáveis de promessas ilusórias. É essencial promover o espírito crítico, a cautela perante rentabilidades garantidas e o hábito de procurar fontes credíveis e independentes antes de tomar decisões com impacto financeiro.