A inflação corresponde a uma subida generalizada e sustentada dos preços dos bens e serviços, durante um determinado período de tempo.
Este aumento de preços surge geralmente associado a uma fase de crescimento económico, maior poder de compra e maior propensão para o consumo dos agentes económicos. Contudo, se não for controlada e persistir no tempo, a inflação irá ter impactos no seu orçamento e na gestão das suas poupanças. Veja de que forma.
- Perda de poder de compra
Um período continuado de inflação reduz o valor do dinheiro ao longo do tempo, ou seja, vamos precisar de mais dinheiro do que antes para comprar os mesmos bens e serviços. Isto significa que vamos ter uma redução do poder de compra.
Exemplo: recebe um salário liquido mensal de 1.100 euros e no último ano não teve qualquer aumento. Nesse ano, a taxa de inflação foi de 2%. Significa que o seu salário perdeu poder de compra, ou seja, a atualização do seu salário (0%) foi inferior à taxa de inflação (2%), logo com os 1.100 euros que recebe todos os meses irá comprar menos coisas do que comprava há um ano.
- As pessoas com menos recursos são as mais afetadas
A inflação afeta-nos a todos mas não da mesma forma. As pessoas com menos recursos são as mais afetadas pela inflação, pois despendem de uma maior proporção do seu rendimento na aquisição de bens e serviços. Além disso, os preços de alguns bens essenciais, como os produtos alimentares e energéticos, são aqueles que apresentam maior volatilidade, provocando um maior impacto no orçamento destas famílias.
Exemplo: imaginemos que a taxa de inflação homóloga atinge os 10% e o cabaz de produtos que há um ano custava 500€, custa agora 550€. Uma pessoa que tenha um rendimento mensal de 1.000€ terá de fazer um esforço bastante maior para adquirir o mesmo cabaz por mais 50€, do que uma pessoa cujo rendimento mensal seja de 10.000€. Em ambos as situações as pessoas perdem poder de compra, mas, no primeiro caso, 50€ correspondem a 5% do rendimento mensal, enquanto no segundo caso, corresponde a apenas 0,5%.
- O efeito nas poupanças
Num contexto de inflação elevada, os bens e serviços tornam-se mais caros e é mais difícil poupar. Por outro lado, a inflação tem impacto no valor real das poupanças, ou seja, se a remuneração que se obtém com a poupança não for superior ao valor da inflação, a poupança perde valor, já que não permite consumir tanto como no momento em que se fez a aplicação do dinheiro.
Exemplo: tem um depósito a prazo com uma taxa de remuneração de 2%. Se a inflação for 3,5% esta poupança está a perder valor, pois o juro que recebe pelo dinheiro aplicado não é suficiente para fazer face ao agravamento do custo de vida.
Qual o valor ideal para a taxa de inflação?
O Banco Central Europeu (BCE) definiu como objetivo da sua politica monetária uma taxa de inflação homóloga de 2%, no médio prazo. Este é valor que o BCE considera ideal para manter a inflação baixa, estável e previsível e assim assegurar a estabilidade dos preços, que é a sua principal função.
Porque é que se usam as taxas de juro para controlar a inflação?
Globalmente, o efeito da subida das taxas de juro contribui para um abrandamento da procura, o que por sua vez irá provocar um arrefecimento dos preços. Tornando mais oneroso os custos de financiamento, verifica-se uma tendência para uma menor procura de crédito por parte das empresas e famílias, com repercussões negativas ao nível do investimento e consumo. Por outro lado, o aumento das taxas de juros é um incentivo à poupança, adiando decisões de consumo, nomeadamente de bens duradouros.
A subida das taxas de juro tem também efeito negativo na valorização dos ativos, sejam eles físicos ou financeiros – ações e obrigações – reduzindo a riqueza das famílias e acabando por impactar as suas decisões de consumo e investimento.
Em suma, a subida das taxas de juro afeta negativamente a procura provocando uma diminuição da inflação.
No entanto, é importante referir que a subida das taxas de juro atua com algum desfasamento na economia, podendo demorar a repercutir-se totalmente e a tornar mais lento o processo de redução da inflação.
Além da subida das taxas de juro, os bancos centrais dispõem de outros instrumentos para controlar a inflação. É o caso da compra ou venda de ativos, que afetam a quantidade de dinheiro disponível na economia, influenciado o comportamento da inflação.