O juro tem um significado diferente em função da finalidade que remunera. Se estivermos a falar de um investidor ou aforrador, o juro representa a compensação que este recebe por ter o seu dinheiro investido ou aplicado, ou seja, por disponibilizar o seu dinheiro a terceiros.
Já para quem faz um empréstimo, o juro representa o custo pela utilização do dinheiro que lhe é emprestado por outros, normalmente pelo banco. A taxa de juro é uma percentagem do capital investido/emprestado que difere em função do capital envolvido, da operação e do risco mas que também é influenciada por fatores macroeconómicos.
Como são determinadas as taxas de juro?
As taxas de juro são veículos privilegiados de transmissão de estímulos à economia, do controlo da inflação e da procura de moeda. São influenciadas diretamente pela política monetária definida pelos bancos centrais. No caso dos países que pertencem à Zona Euro, como Portugal, essa politica é definida pelo Banco Central Europeu.
Ao aumentar a taxa de juro diretora, o banco central torna o dinheiro mais caro, logo o poder de compra das pessoas diminui, as decisões de consumo são adiadas, o recurso ao crédito é desincentivado e a poupança renderá juros maiores. No cenário inverso, quando há uma descida da taxa de juro diretora, o dinheiro fica mais barato e, consequentemente, reduz-se também o custo de pedir um empréstimo, estimulando assim os gastos das famílias, o investimento das empresas e a expansão económica.
De seis em seis semanas, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) define as taxas de juro oficiais do Eurosistema, ou seja, as taxas de juro a que o Eurosistema (composto pelo BCE e pelos bancos centrais nacionais da área do euro) cede liquidez ao sistema bancário e absorve liquidez do sistema bancário. Estas decisões têm depois impacto nas taxas de juro praticadas pelos bancos junto dos clientes.
A EURIBOR
Através da fixação da taxa de juro à qual emprestam dinheiro aos bancos comerciais (taxas de juro diretoras), os bancos centrais influenciam as taxas de juro interbancárias que, por sua vez, servem de referência ao juro que pagamos ou recebemos.
Uma das taxas de juro interbancárias mais conhecidas e utilizadas, nomeadamente no crédito à habitação, é a Euribor.
A Euribor é uma taxa de referência baseada na média dos juros praticados por um conjunto de 52 bancos da Zona Euro, nas operações que fazem entre si.
Com base na informação recolhida por estes bancos, o valor da Euribor é definido diariamente pelo EMMI (European Money Market Institute) em função dos vários prazos, sendo que os mais utilizados são a 3, 6 e 12 meses.
Esta informação é relevante sobretudo para quem tem crédito com taxa de juro variável, indexada à Euribor. Significa que a taxa de juro a pagar ao banco pelo seu empréstimo vai ser revista em função do prazo da Euribor que for estabelecido no seu contrato.
Por exemplo, se tem um contrato de crédito à habitação com Euribor a seis meses, o valor da taxa de juro a pagar ao banco será revisto apenas de seis em seis meses, com base na média das taxas diárias que vigoraram no mês anterior.
As Euribor servem também de referência para as taxas a aplicar em alguns instrumentos de poupança ou produtos financeiros, como as contas poupança, certificados do tesouro, obrigações ou derivados.
As taxas de juro também afetam os nossos investimentos
Se o Banco Central Europeu anunciar uma subida das taxas de juro é expectável que se verifique uma queda antecipada no mercado acionista, uma vez que as famílias e empresas irão retrair os seus consumos, gerando expectativas de menores lucros para as empresas e investidores e, consecutivamente, uma redução do preço das ações.
As ações tornam-se menos apetecíveis, uma vez que o retorno esperado pode não compensar o risco sobretudo quando há outros investimentos que aparentam ser mais seguros, previsíveis e que permitem obter retornos mais satisfatórios, como os depósitos, obrigações ou outros títulos de dívida.
Quando as taxas de juro descem, ou estão baixas, os agentes aumentam o consumo e o investimento, havendo uma maior propensão para investir em produtos de rendimento variável na expectativa de obter um maior retorno, o que se traduz numa valorização do mercado bolsista. Ou seja, a descida da taxa de juro pode significar uma subida no valor das ações, não só porque as famílias têm mais dinheiro, o que se traduz num estimulo à economia, mas também porque os custos de financiamento das empresas diminuem, o que pode ter um impacto positivo no resultado de algumas empresas, sobretudo daquelas que se encontram mais endividadas.