Numa economia de mercado, os preços dos bens e serviços estão sujeitos a variações. A inflação é a subida generalizada e sustentada dos preços dos bens e serviços consumidos pelas famílias.
Quando estamos perante um processo inflacionário significa que, com o mesmo dinheiro, as famílias vão comprar menos bens e serviços, ou que, sendo as despesas mais elevadas, sobrará menos margem para a poupança. Ou seja, a inflação reduz o poder de compra e o valor da moeda ao longo do tempo.
A inflação também pode surgir associada a cenários de recessão. Quando se verifica um contexto de inflação elevada combinado com estagnação do desenvolvimento económico e aumento do desemprego estamos perante um fenómeno de estagflação.
Como se mede a inflação?
O Instituto Nacional de Estatística é a entidade responsável pelo cálculo da inflação. Para medir a inflação, o INE olha para um “cabaz” de bens e serviços, habitualmente comprados pelas famílias para consumo, e verifica como estão a evoluir esses preços. O INE utiliza o Índice de Preços no Consumidor (IPC) para comparar os preços atuais desse “cabaz” de bens e serviços com os preços do mesmo “cabaz” em períodos anteriores.
Ao calcularmos a taxa de variação do IPC de um período para outro, estamos a calcular a taxa de inflação, ou seja, quanto é que os preços aumentaram ou baixaram entre diferentes períodos. Geralmente, a taxa de inflação homóloga é a mais utilizada e apresenta a variação percentual que os preços registaram entre um determinado mês e o mesmo mês do ano anterior.
Exemplo: se a taxa de inflação homóloga é 10%, significa que, em geral, os preços aumentaram 10% num ano. Ou seja, um cabaz de compras que custava 100€ há um ano, custa agora 110€.
Outras formas de medir a inflação
- Inflação subjacente: A inflação core ou subjacente exclui do cálculo os preços de alguns bens que apresentam maior volatilidade e que podem criar uma ideia enganadora acerca da inflação, como é o caso dos produtos alimentares e energéticos.
- Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC): Na Área do Euro, a evolução dos preços no consumidor é medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC). Este indicador assegura que os dados relativos a um país podem ser comparados com os dados referentes a outro. Por isso, para efeitos da política monetária do BCE, o IHPC é o indicador utilizado para avaliar a estabilidade dos preços.
Outros fenómenos relacionados com a inflação
- Hiperinflação: ocorre quando se verifica uma inflação muito elevada e acelerada que reduz muito rapidamente o poder de compra dos agentes económicos. A hiperinflação surge geralmente associada a fenómenos sociais e económicos extraordinários – tais como guerras, revoltas sociais ou colapso no fornecimento de bens – que forçam os Estados a emitir moeda para financiar os défices orçamentais. Exemplos: Alemanha nos anos 20, América Latina nos anos 70 e 80 ou o Zimbabué em 2008.
- Deflação: é o contrário de inflação, ou seja, ocorre quando se verifica uma redução generalizada e sustentada dos preços. Períodos de deflação prejudicam a atividade económica pois as famílias e as empresas tendem a adiar parte do consumo e do investimento na expectativa de que o seu custo diminua. Ao adiar as decisões de consumo e investimento, a economia contrai-se devido à redução da procura agregada, agravando ainda mais o contexto de deflação. Exemplos: Hong Kong (depois da crise financeira asiática de 1997); Grécia, Bulgária, Chipre, Espanha e Eslovénia (entre 2013 e 2016); Japão (em vários períodos desde os anos 90).