Sabe que pode emprestar dinheiro a uma empresa ou ao Estado? Como? Comprando obrigações – no caso do Estado são as chamadas Obrigações do Tesouro. Em troca recebe uma taxa de juro – o chamado cupão – e o compromisso de reembolso do capital.
A grande maioria das pessoas tem pelo menos uma noção do que significa uma Ação. O conceito de Obrigação é mais desconhecido e isso poderá remeter para algo mais complexo. Vejamos, de uma forma simples a diferença entre uma ação e uma obrigação. quando compra uma ação o investidor assume parte do capital de uma empresa, ficando “dono” da mesma, quando investe numa obrigação concede um empréstimo à entidade emitente, assumindo o papel de “credor”.
Antes de investir, vale a pena debruçar-se sobre o tema e compreender alguns dos elementos que constituem uma obrigação e que passamos agora a descrever:
NOME
Indica o emitente (entidade que emite a obrigação), o cupão e a data de maturidade.
PROSPETO DE EMISSÃO
É onde encontra informações como o rating do emitente à data da emissão, a periodicidade de pagamento do cupão, especificidades do reembolso (que pode ser antecipado, assumindo a designação de “call”) e o indexante do cupão no caso das obrigações de taxa variável.
PREÇO
É apresentado em percentagem. Uma obrigação negociada a 100% significa que está ao par, o valor facial da emissão.
NEGOCIAÇÃO
A maior parte das obrigações são colocadas inicialmente no mercado primário, sendo depois negociadas pelos Market Makers no mercado secundário até à data do seu vencimento. Neste mercado existem dois preços: o “Ask” é o preço que o vendedor pede para “vender” a obrigação e o “Bid” é o que o comprador oferece para a “comprar”.
RATING
Expressa a capacidade do emitente para reembolsar o empréstimo.
TIPOS DE OBRIGAÇÕES (EXEMPLOS)
- Sénior: têm prioridade, em termos de pagamento, face a outros credores, mas sempre depois do Estado;
- Subordinadas: são reembolsadas apenas depois dos demais credores, mas antes dos acionistas;
- Hipotecárias: têm hipotecas como garantia adicional;
- Convertíveis em Ações: podem ser transformadas em ações do emitente em condições definidas no prospeto.
ALGUMAS DICAS ANTES DE INVESTIR
1. INVISTA APENAS DINHEIRO DE QUE NÃO VAI PRECISAR
Os entendidos aconselham a investir em obrigações apenas dinheiro de que não vai precisar até à data do vencimento das mesmas. A explicação é simples: embora as obrigações vençam ao mesmo valor a que foram emitidas, ao longo da vida o seu preço oscila no mercado secundário, correndo o risco de ter de vender abaixo do preço a que comprou e perder dinheiro. Para garantir o retorno da totalidade do capital investido, o investidor pode ter de esperar até à maturidade e contar que o emitente tenha total capacidade para reembolsar o empréstimo.
2. ESTEJA ATENTO AO RATING DO EMITENTE
A solidez do emitente está expressa no seu rating, ou notação creditícia, outro dos indicadores a que deve dar especial atenção. Se tem um perfil de risco conservador, deve investir em obrigações de rating superior a triplo B (BBB, na notação da Fitch e Standard & Poor’s). Para ter uma ideia, um Estado soberano sólido, como a Alemanha, tem a notação máxima de triplo A.
3. TAXAS DE JURO CONDICIONAM QUALIDADE DO INVESTIMENTO
Atenção ao risco das taxas de juro. Porquê? Porque se as taxas de juro sobem e tem obrigações de cupão (taxa) fixo, pode acabar por receber tanto ou menos do que receberia num depósito a prazo. Com a agravante de que, se não estiver nos seus planos manter a obrigação até à maturidade, poderá ter de vender abaixo do preço a que comprou, uma vez que uma subida das taxas de juro influencia negativamente o preço das obrigações.
4. YTM: O REAL RETORNO DO SEU INVESTIMENTO
Por fim, mas não menos importante, muita atenção à Yield to Maturity (YTM). É esta fórmula que expressa o retorno anual aproximado e permite comparar obrigações com maturidades, preços e cupões diferentes, uma vez que tem em conta o preço de aquisição, além do valor do reembolso e dos cupões previstos até à maturidade.
Por último e de referir que investir em obrigações exige um conhecimento prévio da dinâmica de mercado e numa fase inicial, do conjunto de variáveis aqui brevemente exposto. Na hora de decidir, importa ter atenção a alguns aspectos como o “rating”do emitente, o tipo de cupão (fixo ou variável), a Yield to Maturity e as condições particulares da emissão expressas no prospeto para assegurar que as suas decisões financeiras contemplam o máximo de conhecimento sobre o ativo que pretende negociar.