Através da prestação de serviços de consultoria para investimento ou gestão de carteiras, os intermediários financeiros, entre os quais os bancos, podem desempenhar um papel fulcral na orientação do sistema financeiro para a sustentabilidade.
Para tal, os bancos poderão ter que formular perguntas ao cliente, a fim de identificar as suas preferências em matéria de sustentabilidade, com o intuito de lhe recomendar os instrumentos financeiros mais adequados. Na prática, trata-se de definir um perfil de investidor ajustado à sustentabilidade.
O que são preferências de sustentabilidade?
O conceito de preferências de sustentabilidade pode ser descrito, de forma sucinta, como a escolha de um cliente integrar (ou não), na sua estratégia de investimento, instrumentos financeiros com características de sustentabilidade. Nessa estratégia terá que existir pelo menos:
- um instrumento financeiro relativamente ao qual o cliente determina que uma proporção mínima será aplicada em investimentos sustentáveis; e/ou
- um instrumento financeiro que considera os principais impactos negativos sobre os fatores de sustentabilidade (por exemplo, a pegada de carbono, a exposição a empresas no sector dos combustíveis fósseis, questões sociais ou laborais, etc.)
Para ajudar os clientes a compreender este conceito e as respetivas escolhas a fazer, os bancos poderão explicar os termos e as distinções entre os diferentes elementos da definição deste conceito.
As minhas preferências de sustentabilidade têm impacto nos investimentos que me são recomendados?
As preferências em matéria de sustentabilidade são consideradas apenas após a avaliação de adequação do instrumento financeiro ao seu perfil de risco. É um processo realizado em duas fases: primeiro o intermediário financeiro avalia os conhecimentos e experiência, a situação financeira e os objetivos de investimento do cliente e, só então, integra as suas preferências de sustentabilidade no seu perfil de risco.
Deste modo, não será possível recomendar o investimento num instrumento financeiro que cumpra com as suas preferências de sustentabilidade mas que não se adeque, por exemplo, à sua situação financeira ou aos seus conhecimentos.
Podem-me ser recomendados instrumentos financeiros sustentáveis que não o são?
Não. Os intermediários financeiros são obrigados a agir no melhor interesse dos seus clientes, pelo que as recomendações feitas aos clientes e potenciais clientes irão refletir tanto os objetivos financeiros, como quaisquer eventuais preferências em matéria de sustentabilidade.
Deste modo, os bancos não devem recomendar instrumentos financeiros nem negociar tais instrumentos, como correspondendo às preferências em matéria de sustentabilidade de um cliente, se não for esse o caso.
E se não houver instrumentos financeiros que se adequem às minhas preferências de sustentabilidade?
Se nenhum instrumento financeiro corresponder às preferências em matéria de sustentabilidade, inicialmente definidas pelo cliente, este pode decidir adaptar as mesmas.
Apenas depois de o cliente manifestar essa intenção, o banco poderá divulgar ao cliente informações sobre a sua oferta de instrumentos financeiros com características de sustentabilidade.
E se eu não tiver preferências de sustentabilidade?
Se um cliente não tiver, ou indicar que não sabe se tem, preferências de sustentabilidade, o banco pode considerar esse cliente como um cliente “neutro em termos de sustentabilidade”, podendo recomendar instrumentos financeiros com e sem características relacionadas com a sustentabilidade (de acordo com avaliação da adequação resultante dos conhecimentos e experiência, da situação financeira e dos objetivos de investimento do cliente).