Recorrer ao crédito é assumir um compromisso junto de uma instituição financeira que terá que cumprir durante um determinado período de tempo. Antes de contrair um empréstimo é importante compreender a dimensão das responsabilidades que lhe serão exigidas e a sua capacidade para suportá-las, tendo em conta as suas despesas.
Uma boa forma de avaliar essa capacidade é medir a sua taxa de esforço. Só deverá recorrer ao crédito se a sua taxa de esforço o permitir.
O que é a taxa de esforço?
A taxa de esforço indica a percentagem do seu salário que está destinada ao
pagamento de prestações de crédito (seja crédito à habitação, crédito automóvel ou cartões
de crédito). Ao saber a proporção do rendimento que está afeta ao pagamento dos empréstimos, consegue medir-se a capacidade de um agregado familiar para fazer face às responsabilidades assumidas com esse crédito.
Como calcular a taxa de esforço?
Pegue na calculadora e calcule a sua taxa de esforço tendo por base o seu orçamento familiar mensal. Divida o valor da prestação ou prestações que tem ao banco pelo seu rendimento mensal e multiplique por 100.
Exemplo:
Rendimento mensal = 1.200€
Prestação mensal (crédito habitação + crédito automóvel) = 650€
Taxa de esforço = (750€ : 1.200€) x 100 = 54
Neste exemplo, a taxa de esforço é de 54%, o que significa que mais de metade do seu rendimento se destina a pagar empréstimos ao banco. Se considerarmos também as despesas fixas (água, luz, gás, alimentação, etc.) a taxa de esforço será ainda maior.
Qual deve ser o valor da taxa de esforço?
De um modo geral, quando um cliente tem um empréstimo junto de uma instituição financeira, a sua taxa de esforço não deve superar os 33%, ou seja, as despesas com a prestação desse crédito não devem exceder um terço do seu salário.
Contudo, cada caso é um caso, e o limite à taxa de esforço deve também ser avaliado à luz das especificidades de cada cliente (dimensão do agregado familiar, outro tipo de património ou rendimentos, etc.).
Na medida macroprudencial, em vigor desde 2018, o Banco de Portugal recomenda que a DSTI (debt service-to-income), que é semelhante a uma taxa de esforço, dos créditos à habitação e ao consumo não deve exceder os 50% do rendimento. Mas há duas exceções: 10% dos novos créditos dos bancos podem ter DSTI até 60% e 5% desses créditos pode mesmo ultrapassar os limites à DSTI.
Por isso já sabe, não havendo propriamente um valor global definido para a taxa de esforço, quanto menor ela for mais rendimento terá disponível para fazer face a outro tipo de despesas ou para consolidar a sua poupança e menor será o risco de não ter capacidade para pagar o seu empréstimo ou de entrar numa situação de excesso de endividamento.