Os juros compostos nem sempre jogam a nosso favor. Enquanto podem ser um grande aliado nos investimentos, também podem transformar uma dívida num problema incontrolável.
Os juros compostos aplicam-se não só aos investimentos, mas também a créditos e empréstimos. Quando uma pessoa contrai uma dívida, os juros são aplicados sobre o montante em dívida. No caso de créditos onde os juros são compostos, os juros do período anterior são somados ao saldo devedor, gerando novos juros no período seguinte.
Por exemplo, imagine que contraiu uma dívida de 10.000 euros, para adquirir um automóvel, com uma taxa de 20% e um prazo de maturidade de 5 anos. Se pagar os juros anualmente, no final do período terá pago 20.000 euros (10.000 relativos à dívida inicial e 10.000 de juros). Se pagar os juros apenas no final do período, teria pago 24.883 euros ao todo (10.000 referente à dívida inicial e 14.883 de juros).
O não pagamento dos juros periodicamente implica um crescimento exponencial da dívida, tornando mais difícil a sua liquidação. Mas, então, como evitar que os juros compostos trabalhem contra si? Considere estas regras para não ser apanhado na armadilha dos juros compostos:
- Amortize a dívida utilizando o sistema de prestações mensais constantes: Neste caso, não só paga integralmente os juros devidos, em cada mês, como amortiza parte do capital. Tem a vantagem adicional de conhecer, a priori, o esforço financeiro que terá que realizar durante o período de contração do empréstimo.
- Pagar os juros logo que sejam vencidos: Se tiver contratado um empréstimo com amortização final no período de vigência (Bullet), deve exigir sempre esta possibilidade.
- Faça pagamentos extra sempre que possível: Qualquer montante adicional pago reduz o saldo da dívida e, consequentemente, os juros futuros.
- Pague o saldo total do cartão de crédito todos os meses: Se possível, opte pela modalidade de pagamento integral (100%) por débito automático.
- Amortize dívidas com as taxas mais altas primeiro: Com esta estratégia, no caso de ter vários empréstimos contraídos a taxas de juro diferentes, irá reduzir o impacto dos juros acumulados.
As boas práticas aconselham ainda a que evite contrair novas dívidas sem necessidade, pelo que, antes de recorrer ao crédito, deve avaliar se é mesmo necessário e se não existem alternativas mais económicas. Finalmente, procure também negociar taxas de juro mais baixas e tenha presente que empréstimos com taxas de juro elevadas podem, em alguns casos, ser renegociados ou transferidos para instituições financeiras com melhores condições.
Os juros compostos podem ser uma ferramenta poderosa de crescimento financeiro, mas, quando aplicados a dívidas, tornam-se um problema sério se não forem geridos corretamente. Compreender o seu funcionamento e adotar estratégias para mitigar os seus efeitos é essencial para manter a estabilidade financeira e evitar que pequenas dívidas se transformem em grandes pesadelos económicos.